Fonte: Amnesty International, 2023.
Issam Menem
O Sul do Líbano lida com o emprego militar israelense do fósforo branco desde 1982, causando historicamente graves impactos ambientais, agrícolas e socioeconômicos na região. O uso deste componente químico contra civis está proibido desde 1997 pela Convenção de Genebra. Mais recentemente, um corpo de especialistas da Anistia Internacional já evidenciou que Israel está empregando projéteis de artilharia de fumaça de fósforo branco no corrente conflito (2023-2024).
Investigadores e especialistas libaneses alertam que as táticas de Israel estão causando danos a longo prazo e potencialmente irreversíveis ao meio ambiente. Desde 7 de Outubro de 2023, o fósforo branco tem sido utilizado em grandes proporções em regiões florestais e de plantações, culminando na contaminação do solo, da água e da vegetação, além claro, de prejuízos à agricultura devido à toxicidade do fósforo branco. A exposição a essa substância também acarreta sérios riscos à saúde, como problemas respiratórios e irritações cutâneas. Até 6 de Março, 117 bombas fosfóricas tinham sido lançadas no sul do Líbano (AL JAZEERA, 2024). Todos esses eventos podem contribuir para tornar a região potencialmente inadequada para a ocupação humana.
O emprego deste tipo de armamento está subsidiando tanto táticas militares que envolvem a produção de cortinas de fumaça e a iluminação de ambientes durante batalhas, como para estratégias de deslocamento populacional com possíveis objetivos étnicos, econômicos e territoriais. Segundo a Organização Internacional para as Migrações, desde o início da guerra, cerca de 100 mil libaneses foram forçados a fugir do Sul e outros 60 mil libaneses continuam na zona do conflito pela impossibilidade de deslocar-se. De acordo com o chefe da União Agrícola do Sul, cerca de 36 cidades e vilarejos, abrangendo quase toda a fronteira sul do Líbano, de 100 km (62 milhas), já registraram ataques com o emprego do fósforo Branco (IOM, 2024).
Apesar dos avanços importantes no sentido de uma verdadeira justiça internacional, o fracasso coletivo em responsabilizar as violações israelenses e a impunidade de criminosos de guerra normaliza a repetição destas estratégias bárbaras.
Fontes:
AL JAZEERA. Israel's toxic legacy: White phosphorus bombs on south Lebanon. 2024. https://www.aljazeera.com/features/longform/2024/3/25/israels-toxic-legacy-bombing-southern-lebanon-with-white-phosphorus
AMNESTY INTERNATIONAL. Lebanon: Evidence of Israel’s unlawful use of white phosphorus in southern Lebanon as cross-border hostilities escalate. 2023. https://www.amnesty.org/en/latest/news/2023/10/lebanon-evidence-of-israels-unlawful-use-of-white-phosphorus-in-southern-lebanon-as-cross-border-hostilities-escalate/
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR MIGRATION - IOM. Displacement Tracking Matrix (DTM): Lebanon. 2024. https://dtm.iom.int/reports/mobility-snapshot-round-28-14-03-2024?close=true